Manifestação contra a retenção de logs de IP na Suíça, 2007. |
Iniciativas de retenção de dados remontam de investigações parlamentares sobre pedofilia em 2008 (a CPI da pedofilia) e as tentativas de controlar o anonimato em blogs (a maioria contra políticos ou contra figuras públicas). Há um importante projeto legislativo iniciado em 1999 e reescrito em 2003, na tentativa de criar penalidades sobre crimes na web, que inclui a retenção obrigatória dos logs de acesso por IP nos provedores por 3 anos também. Retenção de dados foi incluído no projeto quando ele foi reescrito por interesses dos bancos que financiam o senador Eduardo Azeredo (hoje deputado), utilizando a empresa intermediária para esconder o lobby. O objetivo do projeto de Azeredo é adaptar a lei local para a ratificação da Convenção de Budapeste sobre o Cibercrime, que só foi adotada por uma minoria de países, dado os seus conflitos com direitos fundamentais e intenções duvidosas.
Em 2008, um grupo de ativistas ligados a redes sociais começaram na web e movimento em oposição ao projeto do senador Azeredo para tornar conscientes muitas pessoas sobre esse projeto de lei: O movimento Mega-não. Este projeto se tornou da oposição quando o presidente Lula estava no governo em 2003 (e hoje, quando a presidente Dilma faz parte do governo também). Talvez porque a mobilização on-line fez bastante barulho, O Ministério da Justiça (o governo) iniciou um novo projeto chamado "Marco Civil da Internet" com a participação on-line em sua escrita (era possível enviar comentários). Mas este projecto inclui a retenção de dados nos mesmos termos do projeto do senador Azeredo, mas por um período de 6 meses. "O marco civil" pretende ser uma tentativa de legislar sobre o cyberspaço com "direitos e deveres" impostos por força de lei e está em estágio inicial como iniciativa e o cenário não é bom (por exemplo, comparando o texto da proposta com a recente lei Aprovada no Chile que implementa os princípios da neutralidade da rede pelo ponto de vista do consumidor, ja que a proposta também pretende abordar "neutralidade da rede" ).
Agora, o projeto do senador Azeredo está em fase final, pronto para ser aprovado. Mas depende da assinatura da presidente. A mobilização contra o projeto provavelmente não irá impedir a sua aprovação. Mas isso não é tudo.
O Ministério Público, é que o corpo de magistrados independentes, trabalhando tanto a nível federal como estadual começou, desde a massificação do acesso à internet no Brasil (por volta de 2000), uma série de ações judiciais contra provedores e portais, como redes sociais assim como o Orkut, forçando-os a revelar informações de seus usuários. Isso por várias razões que vão de crimes de opinião (contra a honra dos indivíduos), à fraude e à pornografia infantil. Como resultado, eles criaram um termo legal (TAC - termo de ajustamento de conduta) que os ISPs precisam assinar forçando-os a gravar os logs de acesso por IP 3 anos para que os provedores e portais se tornem isentos de responsabilidade e não serem mais processados com freqüência (pelo Ministério Público). O Ministério Público, que atua em muitos casos a favor dos direitos dos cidadãos, agiram contra o povo criando um movimento legal para controlar a Internet. Esse movimento cresceu do nível estadual para o nível federal. Os maiores provedores de São Paulo e Rio de Janeiro, entre outros, registram a atividade de seus usuários nesse exato momento por determinaão do Ministério público. Não se iluda: Você já está sendo logado.
Então, hoje, a ANATEL justifica a sua nova regulamentação sobre retenção de logs com base em recomendações do Ministério Público. Mas a mídia só cobre os aspectos positivos deste novo regulamento como garantias de qualidade da conexão (que é muito ruim e cara no Brasil nos dias de hoje). A cobertura da mídia sobre este novo regulamento da ANATEL é igual a cobertura em torno do "Marco Civil da Internet": A grande mídia cobre apenas aspectos positivos, eles abordam apenas a história oficial que é contada pelos departamentos de relações públicas do governo.
Então, é hora de repensar como o direito à privacidade é importante. É hora de dar um basta nesse movimento orquestrado por àqueles que simplesmente tem medo da Internet. A vigiância pela retenção massiva de logs de ip foi rejeitada na Alemanha, na Suíça e em outros países, pois claramente entra em conflito com os direitos fundamentais da privacidade e da liberdade de expressão (sem correr o risco de represálias). Vamos lutar pelo nosso direito à privacidade: Diga não a vigilância massiva da atividade na web, diga não a retenção de logs de IP. Talvez hoje em dia você não tema muito isso, mas o futuro pode ser muito mais sombrio que o discurso oficial prega.
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